"A Sagração da Primavera", Olga Roriz


Centro Cultural de Belém (Grande Auditório) - 29 Maio e 2 Junho (21h), 30 Maio e 3 de Junho (17h)

Quase um século de Sagração

A Sagração da Primavera é uma das mais importantes obras sinfónicas do século XX. Encerra uma trilogia de bailados (depois de Pássaro de Fogo, em 1910, e Petrushka, em 1911) que Igor Stravinsky compôs para a companhia dos Ballets Russes, de Sergei Diaghilev. Com a coreografia do famoso bailarino Vaslav Nijinksy, a nova obra, que estreou a 29 de Maio de 1913 em Paris, agitou o mundo da música e da dança. Ainda hoje, a riqueza harmónica e a densidade dos ritmos provoca surpresa ao primeiro contacto.
Também a 29 de Maio, mas 97 anos depois, Luís Tinoco e Olga Roriz estreiam as suas próprias criações, atestando da intemporalidade desta obra seminal. “Sinto que andei sempre a ouvi-la, que esteve sempre comigo, e mantenho um enorme apreço por ela desde a primeira vez que a ouvi” – o interesse de Luís Tinoco pela partitura de Stravinsky vem do tempo de estudante de Composição. Para Olga Roriz, o contacto decisivo com a Sagração da Primavera foi já enquanto coreógrafa, ao assistir à criação de Pina Bausch. A memória histórica e cultural à volta da composição de Stravinsky é a base de inspiração deste programa. Mas as obras a apresentar nascem de um universo muito pessoal, como Olga Roriz afirma: “A Sagração há-de estar dentro de mim.”

Sobre o que sinto

Duas são, à partida e penso que à chegada, as minhas âncoras nesta peça que, inesperadamente, me proponho, predisponho ou imponho agora criar.
Digo inesperadamente porque ao longo de todo o meu percurso como coreógrafa, e já lá vão 32 anos, a única peça que decididamente nunca quereria coreografar era precisamente “A Sagração da Primavera”.. As razões, até há 3 anos atrás, eram todas elas tão óbvias que nem por um momento me preocupei ou lamentei com essa minha decisão.
E agora aqui estou perante a obra recusada. Perante essa obra assustadoramente maior. No entanto tenho de confessar, talvez com alguma arrogância ou inconsciência, que pouco a pouco me deixa de assustar.
Talvez porque me estou a apaixonar ou já me apaixonei e quando isso me acontece sou imparável e só me tranquilizo quando consumo totalmente esse objecto desejado.

Olga Roriz | 28 de Fevereiro de 2010

Texto e imagem: website do CCB

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