Culturgest - Grande Auditório, 23 e 24 Janeiro (21:30h)
A partir dos anos quarenta, a coreógrafa Anna Halprin desenvolveu na Califórnia uma das aventuras artísticas mais radicais e fecundas do século XX. Improvisação, criação colectiva, entrada dos gestos quotidianos e da noção de ‘tarefa’ no campo da dança, trabalho na natureza e sobre a nudez, envolvimento nas grandes lutas políticas e sociais, elementos que estão na base da ‘performance’ e que influenciaram de forma determinante a dança pós-moderna americana.Verdadeira ‘cerimónia da confiança’, Parades & Changes, obra cimeira de 1965, põe a nu o processo, o lugar, a acção e o próprio performer. Baseada na improvisação estruturada e na utilização de partituras (scores) como utensílios de criação e de escrita coreográfica, a peça desenvolve uma série de ‘paradas’ que atravessam o espaço teatral e joga com acções do quotidiano alteradas, corpos sonoros, viagens de objectos, temporalidades distendidas e sensorialidades múltiplas.Em diálogo com Anna Halprin, Anne Collod e um grupo de coreógrafos/performers de primeiro plano actualizam os múltiplos cenários desta obra aberta. Propõem uma reinterpretação extensiva que permite ao público descobrir a dimensão total desta peça que esteve interdita durante vinte anos nos Estados Unidos devido ao uso da nudez.“A beleza perturbante destas composições para corpos, música, cores, sons, palavras e acções quotidianas opõe-se magistralmente ao conceito de não-dança que os reaccionários de hoje agitam”. O vigor e a espantosa frescura desta recriação, que reactiva alguns dos questionamentos mais actuais, restituem com brilho a obra de Anna Halprin ao lugar crucial que lhe pertence na dança e na performance.
Texto e imagem: página web da Culturgest
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